Joaquín Turina (1882-1949) foi um unificador de tendências musicais e foi profundamente influenciado por sua formação em Paris no começo do século XX. Lá seu estilo foi enriquecido pela exposição à música francesa moderna, como às obras de Fauré, Ravel e Debussy. Um ponto de virada crucial para Turina foi conhecer Isaac Albéniz, que o encorajou a abandonar seu estilo franckiano (influência de César Franck) e abraçar sua herança andaluza, uma "campanha pela música espanhola" que foi um momento decisivo para muitos músicos espanhóis em Paris. A capacidade de Turina de mesclar essas influências — escolasticismo, impressionismo e elementos espanhóis — criou uma linguagem musical única e pessoal.
Quarteto para Piano Op. 67 foi composto em 1931 e foi dedicado a José María Guervós, uma figura notável na cena musical madrilenha. Ele foi conhecido como um dos melhores pianistas acompanhantes espanhóis de sua época, que tocou com solistas famosos como Pablo Sarasate e Pablo Casals.
A estética composicional de Guervós era a de um "romântico de outro tempo", um estilo neorromântico influenciado pela música alemã que persistiu na Espanha mesmo com a consolidação dos movimentos de vanguarda europeus. Portanto, a dedicação do Quarteto para Piano a Guervós, um homem que Turina respeitava e com quem mantinha amizade, apesar dos diferentes estilos musicais, cria um diálogo fascinante. Turina, um compositor que olhava para o futuro sintetizando diversas influências contemporâneas, escreveu uma peça para um homem cuja alma musical permanecia enraizada no passado. Esse contexto histórico sugere que a qualidade nostálgica do quarteto pode ser uma homenagem ao próprio Guervós, um eco romântico de uma era passada.